segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CURSO VIDRADOS/FLAVIA VANDERLINDE



A Flavia Vanderlinde do Senai de Sampa esteve aqui em Curitiba no final de semana dando um curso de vidrados. No sábado estava com a turma do Grupo Massa no meu ateliê para mais um estudo e não pude participar. Todavia, no domingo cedinho eu lá estava esperando pela Mestra.
O curso aconteceu no Ateliê Recanto do Barro da ceramista Risolete Bendlin. Estava lotado de participantes.
A Flavia com seu jeitinho alegre e competência que desconhecemos outra maior deu o recado de forma clara e direta. Estudar os vidrados é uma arte à parte e poucos ceramistas aventuram-se a entender mesmo o que se passa na composição deles. O enfoque da Flavia nos vidrados, além das associações de colorações e técnicas de preparo de soluções é a rede cristalina de sílica e alumínio. Esta rede precisa estar bem reforçada para que o vidrado seja de boa qualidade. Entender o que se passaé o caminho que deve ser trilhado pelo ceramista.
A Flávia sabe tudo e quem tem a possibilidade de aprender mesmo com ela, principalmente aqueles que moram em São Paulo dão um up grade no seu conhecimento de forma concreta.
Além de tudo a Flavia é uma figura alegre, despretenciosa que leva no bom humor tudo o que aconrtece durante o curso. Já estive noutros cursos dela e aprendo o todo o tempo em que ela vai transmitindo seu conhecimento.
A foto é de uma ruína da cidade de Paranaguá, parece uma pintura.

sábado, 24 de setembro de 2011

MASSAS CERÂMICAS/MAJÓLICA/FAIANÇA





Segundo encontro do Grupo Massa, para produção de massas cerâmicas. Começamos com um massa de baixa temperatura, usando argila vermelha e produzimos uma massa para resistir ao choque térmico e para modelado. Depois de pronta, um teste registrou 8 por cento de retração na secagem e, depois da queima a 800 graus, mais 3 por cento. Retração total de secagem mais queima de biscoito = 11 %. Tá bom, viável. Próxima etapa passar um vidrado e verificar novamente a retração a 980 oC. Uma massa para uso comum, como estamos produzindo não deve ultrapassar os 13, 15 % de retração. Senão fica inviável e precisaríamos estudar os componentes utilizados para mudá-los e assim diminuir o percentual de retração.
Na massa produzida neste novo encontro, a proposta é uma massa para queima a 1150oC, aproximadamente. Os componentes começam a mudar. Para dar uma boa fusibilidade numa massa de baixa temperatura podemos usar o carbonato de cálcio, até 13, 15%, mas para temperatura média, 1150 oC, o teor de carbonato de cálcio deve ser menor. Agora começa a entrar na massa o feldspato, que é o fundente de alta temperatura, por excelência. Para resistir às temperaturas mais altas, as argilas vermelhas, com teor de ferro em torno de 7, 8 % começam a ser evitadas. Bernard Leach usava nas suas massas de grês uma argila comum que tirava próximo ao seu ateliê. Também gosto de usar argila vermelha nas massas de grês, até 10, 15%., às vezes 20%. O tom escurecido obtido, devido ao óxido de férrico que dá a coloração vermelha à argila, parece-me de uma tonalidade agradável. Todavia, nesta massa de hoje o que interessava era uma massa branca. Então, neca de argila vermelha! Usamos uma argila vendida por mineradoras da região metropolitana. Uma argila plástica de boa granulometria, foi suficiente. Para melhorar a plasticidade da massa usamos, também, 3% de bentonita. Esta bentonita é encontrada e vendida a uns 5 km da minha casa. Aliás, a uns 200 metros da minha casa tem um barranco de bentonita. Por aqui chamam de argila coloidal. Para complementar, caulim e sericita. Esta sericita é uma rocha de sílica e alumínio, vendido por uma mineradora também aqui da região metropolitana de Curitiba. Para finalizar, um pouco de talco, para dar resistência ao choque térmico. Diminuimos a concentração de carbonato de cálcio para 5%. Chega deste produto, a partir daqui, subindo a temperatura da massa, não usaremos mais o carbonato de cálcio, pois não é recomendável. Depois disso, é começar a preparar a massa.
Interessante desses encontros é que a massa deve ser produzida no próprio dia. A argila compro a granel, portanto vem em pedaços. Isso causa algum problema para preparar a massa. Por isso, como técnica é o seguinte: pegamos a argila em pedaços e quebramos em pedaços menores e mergulhamos na água. Deixamos descansando no horário do almoço. Como já sabemos a quantidade de água que vamos usar, em torno de 30 %, já colocamos uma parte dela no galão com a argila. Os demais componentes da massa estão prontos em pó, normalmente em malha 200. Somente o talco que comprei numa malha mais grossa, pois achei interessante e também pelo teor de magnésio alto. Depois disso, misturo os componentes em pó com a argila que já está amolecida e passo numa maromba extrusora (amassadeira). Resultado? Excelente, argila pronta para ser levada para casa e ser testada novamente e ver os resultados. Claro que talvez precise de um acerto. Mas a composição está sendo feita usando minha prática no preparo de massas e, também, baseando-me na literatura existente. Para isso, fiz comparaçõs b ibliográficas do Maestro Chiti, Claude Vittel e observações de outros ceramistas. Apenas o maestro Chjiti é que se preocupa com a produção de massa para uso artístico/artesanal. Ainda tem que se considerar que as argilas, feldspatos, caulins, são diferentes de lugar para lugar. As análises das matérias primas são precárias, mas é possível levar em consideração a formulação teórica, com isso chegamos bem próximo à composição real.
Nestes encontros de produção de massa rola uma energia possitiva de aprendizado que é muito interessante. Uma troca entre as pessoas. Fazemos um almoço comunitário e fica bem variado pois cabeças diferentes com diferentes linhas de alimentação encontram-se e oferecem o que fazem e gostam.
Ah, sobre o teste de retração e perda de peso, é simples e fazemos da forma tradicional, cujo resultado ajuda a compreender o material com o qual estamos trabalhando.Cortamos uma placa de 8 mm de espessura, 3 cm de largura e 12 cm de comprimento. Marcamos uma linha de 10 cm e pesamos. Depois de seca, medimos a retração e o novo peso.Depois de biscoitada, idem, assim como depois de ter sido queimada novamente na temperatura em que será vitrificado a peça feita com o resto da massa.
Nas fotos, aqui no meu espaço o Grupo Massa, como chamamos, faltando ainda mais 3 participantes. A foto do fogo que achei interessante a figura e a foto das garças que deixo prá vocês sentirem a onda...

domingo, 4 de setembro de 2011

ESTUDO DIRECIONADO/MASSAS CERÂMICAS





Começou o Estudo Direcionado de Massas Cerâmicas aqui no meu ateliê. É quinzenal.
Este curso vai até dezembro, pretende produzir as seguintes massas: massa de baixa temperatura para esculturas, raku e utilitários que vão ao fogo; massa branca de alta temperatura; massa para queima direta do biscoito em fogo de chão e grês.
Neste sábado produzimos uma massa de baixa temperatura padrão. Ela pode servir para várias finalidades. Com uma massa padrão de baixa temperatura, pode-se transformá-la em massa para Raku, para panelas e para peças decorativas.
Numa composição de massas, temos que encontrar um resultado de boa trabalhabilidade. Isso é o essencial. Nessa composição, do primeiro encontro, a massa padrão era de queima vermelha. Ou seja, uma massa de terracota. Nessa massa, pode ser usada argila de barranco, foi o que fizemos, ao adicionarmos o antiplástico. Aqui próximo ao meu ateiê tem muitas argilas que podem ser usadas em massas desse tipo. Como já tinha em estoque uma boa quantidade, produzimos duas massas que foram desenvolvidas e terminadas durante o dia. Ao final do expediente todos os participantes levaram para suas casas 3 kgs de cada tipo de massa. O importante desse encontro é mostrar como se compõe uma massa. Como, a partir dos componentes que temos em mãos , misturamos e obtemos uma massa, em pouco tempo. Essa massa será usada e testada para ver, primeiramente, se é gostosa de trabalhar, sua trabalhabilidade, seu comportamento na secagem, e, depois, na queima. Posteriormente, quando for colocada uma camada de vidrado, seu teste será completo. Sempre devemos pensar que camada de vidrado em baixa temperatura é capa, o vidrado não incorpora na massa, ao contrário da alta temperatura onde vidrado e massa são uma coisa só.Eles integram-se, interpenetram-se e o resultado da alta temperatura tem essa unidade, consistência, tão admirada.
NO estudo de massas temos que ter a noção de quais os materiais que podemos adicionar, sua composição química, para o que servem, qual é a função de cada um numa massa. É por aí que começo. Tenho mais de 100 livros de cerâmica em casa, mas, apesar dessa literatura toda, poucos são os livros que entram no detalhamento de composição de massa. É claro que ter apenas os livros não significa nada, a não ser tê-los e aproveitando o nosso Poetinha, mas se não tê-los, como sabê-los?..Todos partem de uma visão muito superficial das massas. O enfoque é mais de técnicas de modelado, forma, poética e decoração. O Maestro Chiti vai fundo nisso e sugere e dá composições de massas de todos os tipos. Todavia, suas massas são para argilas e rochas argentinas, mas que podem ser transferidas para as nossas, brasileiras. É preciso saber onde encontrar essas matérias primas, senão ficaremos cativos de massas prontas, que não deixa de ser uma solução, mas, para mim, é parcial no entendimento que pretendo com a cerâmica. Mas esse é o meu caso, o meu interesse, gosto de usar o que tenho ao meu redor, o que é, prá que serve. Vejo uma brincadeira agradabilíssima nisso tudo. Em Cunha-SP todo mundo faz sua massa, não se pode pensar em outra coisa. As cerâmicas, fábricas de loucas, olarias, as fabriquetas, em geral, todos fazem suas massas. Apenas na cerâmica artística acontece essa dependência de massa pronta. Todavia, esta, pode ser adquirida de boníssima qualidade, até importada como a do Canadá, porcelana canadense, etc.
Estamos em Curitiba, onde, na Região Metropolitana e cercanias encontram-se praticamente todas as matéricas primas para composição de massas: argilas vermelhas, brancas, caulim, talco, feldspatos (Na, K), sericita (minério de sílica), filitos, encontra-se facilmente chamotes de telhas, refratários, etc. Assim, sabendo o caminho das pedras, fica mais fácil. Um dos objetivos desse curso de composição de massas é justamente esse, ir nas mineradoras, comprar as matérias primas, mais baratas e acessíveis em termos de distância.
Enquanto isso, vou modelando e torneando vasos com influência arqueológica. Procurando o rústico, o simples, mudando as curvas dos vasos, as cinturas, as bocas, estou fazendo, fazendo, ate gostaria de vender mais, mas sei que, à medida em que forem ficando mais interessantes, aparecerão mais interessados....