sábado, 12 de junho de 2010

VIDRADO DE CINZAS




Estou bolando uma oficina de Vidrados de Cinzas para o Congresso Nacional de Cerâmica em Curitiba, nos primeiros dias de julho, mês que vem. Para pesquisar e começar a trabalhar com os vidrados de cinzas, primeiro fui atraído pelo livro de Bernard Leach. Aliás, qual foi o ceramista que, interessado em estudar vidrados e a cerâmica em geral não ficou atraído pela Cerâmica do referido? O Livro A Potter's Book, tenho uma tradução espanhola "El Libro del Ceramista", é de cabeceira. Sempre tem alguma informação, sem falar que é delicioso como leitura, pois sentimos a consistência do trabalho do mestre. Ele sugere o 221, dois de cinzas, dois de feldspato e um de argila. Assim começa a pesquisa. Depois apareceu a fórmula limite de Rhodes, que mostra os limites a serem usado dos componentes de vidrados de cinzas. Ainda, para complementar, o Mestre Chiti que fez o amplo estudo da cerâmica artística artesanal e sempre reforça as informações com algum toque prático e suas formulações próprias. Tem muitos outros livros com receitas, ilustrações, mas, para começar, isso já dá pano prá muita manga.
As matérias primas devem ser testadas separadamente para se saber o comportamento individual. As cinzas podem ou não serem lavadas. Quando lavamos tiramos as partes solúves com o Sódio e o Potássio, que são cáusticos, e, com isso, deixamos as cinzas mais duras, ou seja, com ponto de fusão mais elevado. Bem, para lavar as cinzas não se deve esquecer de usar luvas e tomar os cuidados necessários para evitar as "queimaduras"que são fracas, mas, no olho, tem efeito mais forte. Depois de lavadas as cinzas devem ser queimadas a 800 graus centígrados, no mínimo para queimar os pequenos pedaços de carvão que ainda existam. Depois peneirar em malha 30, suficiente. Para preparar as soluções, sempre é bom usar CMC (solução a 5%) e um pouco de vinagre ou limão melhora a solução, quando não se usa carbonato de cálcio, porque este reage com o ácido e borbulha, inutilizando o preparado. Antes de adicionar a água com o CMC, deve-se moer os componentes, para deixá-los com granulometria mais fina e, depois de adicionar a água com CMC, passar em malha 80.
Os vidrados de cinza só tem resultados melhores queimados acima de 1200 graus centígrados e melhoram ainda com a redução ao final da queima.
Os vidrados de cinzas podem ser transparentes ou opacos, o percentual dos componentes da cinza é que definirá isso. Pode-se, também, adicionar óxidos de cobalto, cromo, cobre, para colorir a massa, ao gosto de cada um.

CACATU - Antonina







Desci a Serra do Mar, pela Estrada da Graciosa e fui até o Bairro de Cacatu, no município de Antonina. Fica no pé da Serra do Mar. Ao fundo todo o maciço, com os pontos mais altos do Sul do rasil. Pico Paraná, Ferraria, Siririca, Itapiroca, Ibitiriti, etc.
Esta localidade, o Cacatu, ficou famosa por ser escolhida por japoneses para começarem uma colônia. Vejam na foto o Memorial da Imigração Japonesa, com a anfitriã Márcia Ito. Todos os anos descendentes dos imigrantes encontram-se neste local para uma confraternização.
Os japoneses sempre com a sua maneira própria de se expressar, tendo como é bem conhecido, um jeito peculiar de tratar com a Natureza e conseguem, sempre, uma parceria, com Ela, cujos resultados surpreendem. Na chácará espantei-me algumas moitas daquele bambu de diâmetro considerável (25 a 30 cm), como mostra a foto, chamado Bambu Balde.
Quem tem amor pela Natureza acaba tendo um retorno pelo contacto de pessoas que tem o mesmo sentimento. Assim, as trocas de plantas, sementes sempre acontecem e o patrimônio genético de cada um vai ampliando, para salvaguardar a invasão transgênica e devastadora que está apertando e consumindo nossa Biodiversidade.
Como esta localidade está situada nos pés da Serra do Mar, que é constituída de granito, achar uma argila sempre é fácil.Pesquisamos algumas para compor uma massa e ao longo dos 4 dias desta primeira etapa do curso sempre fomos procurando outras para encontrar a massa que seja melhor. Isto é um desafio que ao final do curso sempre é vencido, apesar das dificuldades.
Foi um curso tranquilo, com as pessoas muito interessadas, o que flui naturalmente, dando resultados. Neste lugar as pessoas cooperam e querem aprender. Quem ganha com somos todos nós. Pena que este curso do Senar seja tão rápido, pois sabemos que para poder chegar a um nível melhor o aprendizado deve ser ampliado. Todavia, para aqueles que querem aprender, já, nesta primeira etapa, os resultados são concretos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tibagi





Terminei mais um curso em Tibagi, segunda etapa. Foi uma surpresa, duas pessoas foram selecionadas para o Salão Nacional de Cerâmica, de julho deste ano, em Cerâmica Popular. Nem todos que mandaram suas peças foram selecionados. O importante é que dois entraram.
Foi uma surpresa, uma alegria generalizada pela vitória destas pessoas. E não é só isso. Pessoas com pouco treinamento, vejam que o curso é curtíssimo, mas com enorme vontade, seguem adiante em busca de seu futuro. Não ficam paradas! Estas mesmas pessoas de Tibagi vão participar do Congresso Nacional de Cerâmica, em Curitiba. Vejam, depois de aprender a modelar, quase todos estão indo para o Congresso Nacional e fazer oficinas com pessoas de renome nacional. Por exemplo, um garoto muito novo, 18 anos, que está começando a fazer cerâmica popular vai fazer um curso de modelado com um filho do mestre Vitalino de Caruaru. Esta é uma experiência marcante na vida de uma pessoa. Outra que está modelando muito bem vasos de grande tamanho com um estilo lindo, prá lá de popular vai fazer um curso com uma argentina que alem de designer vai ensinar várias técnicas para modelado de pias, etc. Tem outras oficinas e 10 pessoas irão a Curitiba participar delas. É uma vitória, uma conquista dos novos ceramistas. Assim um curso encontra resposta, vale a pena.
Isto determina a sequencia que sugere este aprendizado. Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, cujo desenvolvimento cerâmico começou há poucos anos, está em peso no Salão de Cerâmica, o único evento Nacional desta natureza. Muitos foram selecionados. É o caminho que Tibagi está tomando
Ainda estou batalhando para conseguir implantar, em alguma comunidade, um centro de cerâmica, com acompanhamento por um ano ou dois. Ainda complementaria com outros cursos de aperfeiçoamento, para que todos vejam novos pontos de vista. Por exemplo, um Designer , especialista em Corda Seca, Torno, Vidrados de Cinza, etc.
Vejam a foto das peças queimadas no forno construído na primeira etapa do curso. Queima excelente, o forno, igual aos demais, funcionou melhor do que todos os 30 que já construí.
Mais uma vez fui demorar-me olhando as peças arqueológicas indígenas, pelas quais estou cada vez mais atraído, levando-me para o mundo da arqueologia cerâmica sul americana. Neste sentido estou mergulhado no livro de André Prous = Arqueologia do Brasil.
Ainda fui olhar as garças no final do dia, num belíssimo por do sol.