quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CERÂMICA BÁSICA - MEU ATELIÊ




De 03 a 06 deste mes comecei um curso de cerâmica Básica no meu ateliê, patrocinado pelo Senar. Pôxa, no meu ateliê é outra história. Tenho todos os materias necessários para ensinar e produzir massas, bem como queimar à gás, lenha ou elétrico. Não é necessário improvisar. Comecei produzinho uma massa para queima em baixa temperatura, para raku e, ao mesmo tempo, serve, também, para confeccionar panelas e formas que vão ao fogo. Coloquei 50% de argila plástica que chamo de padrão pois tenho umas 10 toneladas no meu quintal e que vieram das margens do rio Miringuava, afluente do rio Iguaçu. 20% de uma argila branca, plástica que comprei na Mineração Bassani em S.Luis do Purunã-PR. Para resistir ao choque térmico, adicionei 10% de talco, 10% de chamote de tijolo e 10% de sericita, um quartzo malha 200 que compro numa mineração aqui próxima. São materiais que possuo em abundância e que tem preços baixos. O resultado foi uma massa de 10% de retração de coloração rosada, clara.
A segunda parte do curso aconteceu nos dias 16, 17, 18 e 19. Então, para ampliar a qualidade do curso, produzimos uma massa para 1200 graus centígrados. A composição dessa massa foi assim: 40% da argila padrão acima mencionada, 15% de argila branca da Bassani, mais 15% de argila chocolate da Bassani, 10% de caulim Palmonari, 10% de talco e 10% de quartzo. Esta massa, sem chamote, ficou muito lisa, fina, gostosa de trabalhar, inclusive ao torno. Alguns alunos aproveitaram para treinar a tornear com esta máquina cerâmica de grande utilidade e, também, quase indispensável num ateliê cerâmico. Mesmo a massa com chamote, para raku estava boa de se usar no torno. Isso graças à massa vermelha do rio Miringuava que tem grande firmeza e auto-sustentação em estado cru, quando torneada ou modelada.
Como tenho maromba extrusora e também um torno cerâmico, as coisas fluem facilmente e o resultadio acaba sendo mais qualitativo.
Nesta semana, como as peças secaram, depois de acabadas, foram queimadas em forno elétrico. Aproveitamos para uma queima de Raku, pois as peças da primeira parte do curso, queimadas sem nenhuma perda, em forno elétrico, estavam prontas.
Os vidrados de raku sempre produzo na hora. Colemanita com argila branca ou caulim, com ou sem óxidos colorantes. Uso, também, carbonato de sódio, apesar de ser solúvel, o que dificulta a técnica de pintura, porém funciona como informação básica sobre solubilidade dos vidrados.Ao carbonato de sódio, de alta solubilidade, adiciono argila para formar uma suspensão e, para aumentar o ponto de fusão, sílica, e mais os corantes. Os azuis de carbonato de cobre são os do antigo Egito e tem aquela atração milenar dessa coloração belíssima. No mais, uso uma base alcalina, quase sempre o CMF 096 e adiciono um opacificante, argila e corante cerâmico. Assim, com os óxidos de cromo, cobre, cobalto, ferro e manganês, vou obtendo as colorações básicas dos vidrados. Evito bases plúmbicas porque, em redução, tendem a ficar cinza.
Foi um curso tranquilo. As pessoas trazem um lanche, ou alguma comida preparada. Somando tudo, fica mais harmônico e gostoso. Um bom lanche, ou almoço, garante uma continuação de trabalhos com renovação de ânimos....

domingo, 1 de novembro de 2009

CURSO DE CERÂMICA BÁSICA EM CAMPO MAGRO-PR


A cidade de Campo magro fica na Região Metropolitana de Curitiba. No ano passado dei um curso e construí um forno para queima de biscoito. É o mesmo forno que construo em meus cursos. Este forno apresenta várias qualidades. A primeira é que se presta muito bem para o uso de queima de biscoito cerâmico. Ele também é muito barato, pois pode ser feito com tijolos comuns, dois, quatro, seis furos, tijolos usados, refratários, isolantes, etc. A facilidade de construção é notória. Basta dizer que, num dia de trabalho, com 4 pessoas dá para concluir a obra. Depois de construído, sempre espero uns 10 dias para fazer a primeira queima. Nos meus cursos não dá tempo para fazer a cura do forno. A cura vem a ser a primeira queima para queimar o próprio forno, primeiramente. Senão, a queima já com peças, fica muito mais longa e prejudicada, pois o forno ainda não está completamente seco e queimado. Como o rejunte dos tijolos é feito com massa das argilas que encontro no próprio local onde construo o forno, ele precisa ser queimado para, então, fazer parte do próprio forno.
Quando faço uma queima de biscoito normalmente demoro umas 8 a 9 horas. Dificilmente dá para diminuir esse prazo, a menos que eu carregue na massa areia e chamote. Por isso são notáveis as queimas diretas a céu aberto, de uma hora ou um pouco mais. A qualidade das peças fica um pouco prejudicada nestas queimas rápidas. O resultado da queima de biscoito nestas queimas de forno como aparece na fotografia é de grande qualidade. Claro que a massa tem que ter um componente plástico testado. Ele é que vai dar a resistência à cerâmica. Por isso é que se encontra cerâmica vermelha, ou seja, tijolo de péssima qualidade, porque a mistura da massa não contempla um percentual de argila bem plástica, ou porque carregam no anti-plástico para diminuir o custo, já que o plástico é mais difícil de ser encontrado.
Fiz duas queimas de cerâmica nestes 8 dias de curso em Campo Magro. O forno já estava bem curado. O resultado foi excelente. A trabalho cerâmico estava parada neste local onde retornei, para reativar a vontade de continuar a produzir cerâmica. Estas queimas foram muito bem feitas. O forno está funcionando perfeitamente. Fiquei impressionado com a simplicidade da queima. O consumo de lenha foi muito baixo. Como usam-se galhos finos para as 3 horas finais de queima, e, na região tem muita vassoura (também chamada caparaoca) e eucalipto ( que é a melhor), foi moleza.
O local é o Recanto Nativo, onde a Sandra e o Ozir comandam uma propriedade Agroecológica. Eles são uma espécie de alavanca para impulsionar uma série de atividades que envolvem a agricultura orgânica e o desenvolvimento artesanal da região.
É difícil, às vezes, conseguir-se com que as pessoas se envolvam num trabalho novo, como é a cerâmica. Mas com vontade, insistência conseguimos motivar as pessoas para a fabricação inicial de vasos simples para cultivo de suculentas e cactáceas, como uma forma de agregar valor ao trabalho. Nesta propriedade que tem restaurante e inclusive pousada, vêm muitos turistas e podem ser vendidos estes vasos. Sei muito bem que quando se começa um trabalho artesanal de confecção de vasos simples, com desenvolvimento artístico incipiente, não se pode concorrer com uma olaria que fabrica vasos torneados com torneiros no metiê há quinze anos ou mais, produzindo um enormidade por dia. O preço destes vasos é ridículo de baixo. Então, os vasos confeccionados manualmente tem que ser diferenciados e agregar valores, como é o caso das plantas
"O carpinar é sozinho, a colheita é comum", já dizia o Riobaldo Tatarana.