terça-feira, 26 de maio de 2009

VOLTANDO A TIBAGI-PR







rImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP6TNiMuE93jsbsE3pMgWvy2AMWu-B99WRYtIvTZxuIO6NW1h-d9M3Ampq6838HXye8fszcvDOllKl615EoqkZ0vDp2VhDGKE70TkojCD-Pmx7sknLjRg7MKvCr57k-C1aNhAZ_JgXP5eZ/s1600-h/TIB.2.jpg">


Voltei duas semanas de quatro dias para complementar meu curso de Cerâmica Básica em Tibagi. Como o curso é pelo SenarPR, precisava novas 10 pessoas, adultas para viabilizar o meu curso. Aquelas pessoas que fizeram o curso anterior também participaram, porém não todas. Bem, primeiro fiquei feliz por poder retornar a Tibagi e complementar minhas aulas, dar um aperfeiçoamento para aqueles que se interessaram. O afluxo de pessoas foi interessante, apesar da divulgação ter sido aquém do que poderia ter sido feito. Tibagi continua sendo um local de grande potencial para o desenvovimento do artesanato Cerâmico. Tinham ficado pendentes os testes com as argilas locais. Agora que complementei os estudos, juntamente com o que pesquisei do Mineropar, concluí que, realmente, a argila local, para queima a 800 graus centígrados não é boa. A resistência à flexão é mínima. Este teste é feito com placas de 14 cm x 4 cm, com 1 cm de espessura. Pegamos a amostra queimada e quebramos e comparamos com outras argilas queimadas da mesma forma, de procedência externa, por exemplo de Curitiba, a que eu uso no meu ateliê. A minha é resistente, tem boa sonoridade. A de Tibagi é fraca o som é abafado. A retração de queima foi de 9% = boa.
A solução já tinha sugerido anteriormente, comprar argila plástica de outra procedência. Como conhecia a massa de Balsa Nova, que é preparada com 4 argilas e vendida ao preço de 10 centavos o quilo, articulei para que a Prefeitura local, juntamente com o Sindicato Rural de Tibagi, comprassem de Balsa Nova e levassem para o ateliê uma quantidade razoável de massa preparada. Conclusão, conseguimos que se disponibilizassem 6.400 kgs de massa preparada, posta num caminhão da Prefeitura, no terreno da Atiart (associação de artesanato). É uma quantidade prá lá de boa, aliás, nunca tinha visto anteriormente tanta massa pronta disponível para qualquer curso que eu tenha participado. Chegando esta quantidade formidável de massa, todos os participantes da oficina entraram em cooperação para a descarga e arrumação dessa massa cobrindo com plástico para não endurecer. Este estoque poderá durar por 4 ou 5 anos se usada corretamente. Fica a responsabilidade para que os próprios participantes da oficina tomem o controle da situação e distribuam de forma correta para que não se desperdice, mas que sirva como fonte de aprendizado e de renda. Realmente é estimulante poder trabalhar com fartura de massa.
Durante esta nova etapa de curso em Tibagi, fizemos duas queimas no forno artesanal construído anteriormente. Como o forno já tinha sido queimado, estas duas novas queimas foram excelentes. O forno comportou-se perfeitamente e nas duas queimas apenas tivemos uma quebra por estouro, que quando analisada verificou-se que ficara uma bolha de ar no interior da peça, o que ocasionou a detonação.
Visitei o Museu de Tibagi e aproveitei para aprender algo sobre a cidade. Vi, pela primeira vez um seixo rolado de caldeirão. Seixo perfeitamente esférico e fiquei enlevado com a Natureza, sempre me surpreendendo, até nestas cosinhas pequenas. Amostras de diamentes aí garimpados, como também outras pedras preciosas fazem parte do acervo. A cerâmica indígena também está presente, de origem caingangue. Aproveito sempre para salientar a necessidade dos participantes do curso de cerâmica irem observar as peças indígenas cerâmicas, agora com novos olhos. Sob o ponto de vista de quem está modelando cerâmica. Daí pode ser observado a cor da massa, a decoração, a espessura das peças, a qualidade da queima e , principalmente, a qualidade estética e o modelado.É uma redescoberta para todos e uma admiração pela nossa cultura indígena tão desprezada e depreciada.
Tibagi tem Natureza. Observei que administrações anteriores fizeram um parque, no centro da cidade, que tem acesso até o Rio Tibagi. Parece meio abandonado, mas sente-se que foi feito para entrar em contacto com Rio. É uma pena que hoje, com a televisão alugando o dia inteiro as pessoas, poucas aproveitem a beleza natural que Tibagi tem. Pude ver um bando de garças passando a noite numa árvore. Estavam lá de manhãzinha e fotografei. O som das corredeiras tão terapêutico e ancestral é um lenitivo para nossas alma. Desta vez que estive em Tibagi aproveitei para acordar cedinho e caminhar pela cidade e observar como ela acorda, as pessoas indo e vindo, as crianças indo para a escola. Aliás, acho uma imagem belíssima ver uma criança indo para a escola com seu uniforme e sua pasta.
Percebi que houve uma evolução na qualidade de modelado em cerâmica desde a primeira vez que estive em Tibagi. O aprendizado cerâmico, repito, é demorado, mas tem pessoas hábeis e que conseguem um resultado em curto espaço de tempo. O ideal seria que houvesse um investimento maior na cidade, na geração de renda, como pelo Provopar, por exemplo. A Associação fez um pedido ao Provopar de Curitiba e estão aguardando resposta. Se positivo, seria uma resposta magnífica, pois neste caso até o Sindicato Rural entraria com uma ampliação nas instalações da Associação, para abrigar um forno elétrico e um torno cerâmico elétrico. Isso permitiria que, com treinamento, o artesanato evoluísse para poder ficar em condições de produzir cerâmica de alta qualidade, tanto artesanal de baixa temperatura, como, também, de alta. Não que não se possa fazer uma cerâmica de qualidade com o que se tem, muito pelo contrário, basta ver o resultado da cerâmica indígena com sua altíssima qualidade.
Fiz a minha parte, dediquei-me inteiramente, articulei para que a associação recebesse a massa em quantidade mais do que suficiente, deixei pronto pedido para chegada de equipamentos e construção de instalações (devo dizer que os cursos foram ministrados em locais improvisados).